Está em alta falar mal sobre a nova geração. Isso é justo e moral e de muito bom gosto. Porque realmente a minha geração é uma bosta. A forma como lidamos com o mundo, como enxergamos a realidade e como nos relacionamos uns com os outros.
Eu não sou muito velho. Também não posso dizer que ainda sou um adolescente — mentalmente, talvez!
Os mais velhos não sofrem mais de catarata, mas de astigmatismo. Aquela visão turva que distorce o que está perto e o que está longe. É fácil criticar a geração quando se viveu o bastante para se distanciar dos problemas reais que os xófens enfrentam hoje.
Os mais velhos preparam as estruturas do mundo que temos hoje
Isso é o que chamo de “efeito moeda”: tem seu valor, mas nem sempre valorizado.
Porque o mundo sempre foi assim. Acredito que o assombro tem mais a ver com a velocidade com que o mundo aprendeu a tornar as coisas obsoletas. E o problema é que quanto mais velho, mais obsoleto e descartável.
Mais que um conceito capitalista, a realidade do comércio migrou, ou melhor, contaminou todo o senso de relações humanas.
Agora pense:
Quem foi que deu origem a essa geração de bosta?
Não há nada mais humano do que isso: o desejo pela anistia, pela desassociação, pela isenção das responsabilidades
Juvenis ou não, ninguém deseja experimentar o rigor da lei, do juiz e das penas.
Não querem suas imagens vinculadas aos erros e formas como os jovens vivem hoje. Mas querem autonomia nas críticas.
Tipicamente humano, mas estupidamente contraditório.
Isso não é uma crítica aos idosos. Também não é comparação, nem desprezo.
Se um certo homem criou os filhos nos estatutos de Deus, os filhos são vitoriosos, sua própria biografia possui consistência, clareza do passado e visão para o futuro, o que um xófen de Guarulhos tem a questionar esse mesmo homem sobre “como se viver no mundo”?
O que mais ouvi durante a minha infância:
Dar para o meu filho o que eu não tive
O tempo passou e hoje o mesmo pai diz:
Dei para meu filho tudo que eu não tive, mas ele não aproveitou as oportunidades
Justamente! Foram as oportunidades que VOCÊ não teve.
Foi a sua vida, o seu tempo. É a sua história!
Você não pode pensar em compensar — ou recompensar — as ausências que teve de forma ativa na vida do seu filho.
O máximo que você pode fazer é estar presente quando o mundo machucá-lo.
Você se arrebentou para dar o melhor dentro de suas condições ao seu filho. Sacrifiou tempo, dinheiro, sono, a atenção da sua esposa, aguentou pressões, humilhações e toda sorte de ruindade. E por não corresponder as expectativas DELE, ele te desmereceu, você se sentiu humilhado!
Você não fez mais que sua obrigação. Na verdade, você fez tudo que escolheu a se obrigar.
Para a sua infelicidade, a lição de que os melhores barcos não forjam os melhores marujos veio um pouco tarde.
Para a sua tristeza, entregar uma Ferrari na mão de uma tilápia não tornará um peixe o primeiro colocado no Grand Prix.
Não há um conflito de gerações, há um desejo pelo perdão
Se isso tem solução? Bom, não sei!
Talvez Deus Pai e seu Santo Filho Jesus no seu reino eterno dos céus tenham soluções.
Não eu.