Depois da cobra, de quem é a culpa?
Dicotomia entre o afeto e a realidade
Sempre falo sobre os idiotas. É capaz que seja pela proximidade com o tema. O adjetivo é inerente a quem vos escreve.
Quando era um pouco mais jovem, sempre ouvia na igreja que havia um grande conflito entre a nossa dedicação no serviço cristão e as redes sociais.
O crente fica duas horas no Facebook, mas não ora ou lê a bíblia por duas horas
Sempre entendi que uma coisa não tinha nada a ver com a outra.
Ainda mais porque se você possui problemas com o Facebook, o problema não é o Facebook em si, mas você é o problema.
Fui convidado para aqui escrever. Criei uma conta em outubro de 2024 e somente em janeiro de 2025, comecei a produzir alguma coisa por aqui.
Um local diferenciado das demais redes atuais, mas nada desconhecido. Se você conheceu o Tumblr ou Medium, não foge muito à regra.
Talvez algum especialista diga que é bem diferente e blá-blá-blá. O.k., estética, UX e outras coisas são bem diferentes, mas a ideia é a mesma.
Minha timeline só enche de posts e mias posts de críticas ao Instagram, influencers e toda sorte sucesso nos padrões do universo Meta.
Sendo bem sincero, a maioria dessas críticas tem mais a ver com um certo ressentimento conhecido como inveja.
Ora, a pessoa acha que ao migrar de rede social a vida melhora.
Pode ser que sim, mas e o Quico?
Nenhuma rede social, nenhuma plataforma, nenhuma empresa de fato tem o objetivo de privilegiar pessoas sem que essas pessoas tenham algo (R$) a oferecer.
O Substack não possui mais intelectuais que o Facebook. O X não possui mais intelectuais que o Instagram.
Se o universo Meta desaparecesse da internet, israelenses e palestinos ainda estariam de treta? Se o Instagram fosse hackeado, Ucrânia e Rússia fariam um acordo de paz?
Então…
Já pensou se cada culpado pelos sofrimentos do presente tempo fosse suprimido da existência, qual seria o próximo culpado?
Não desinstalei o Instagram. Consequentemente eu o uso menos, pois aqui escrevo mais e com outros recursos. Isso demanda administrar os esforços.
Mas não tenho como criticar o Instagram. Não tenho em que criticar o método de tráfego, as permissões, o algoritmo, o que censura e o que promove. Não tenho o que criticar a plataforma.
Não acho melhor nem pior que aqui. São propostas diferentes.
Ainda mais porque aqui se vomita muita virtude de intelectual e arrogância. Mas é a mesmíssima técnica de persuasão que copywriters, publicitários, marketeiros utilizam no Instagram para gerar engajamento.
Ou seja, não está tão distante assim do principal produto da Meta.
Vai dizer que está querendo se livrar desse “espírito obsessor” que por muitos anos esteve presente diante dos seus olhos e dos seus dedos?
Ah, sim! Compreendi.
Se o reconhecimento não veio porque existe uma possibilidade de você não ser tão talentoso assim.
Quem lê um livro por semana não é necessariamente mais inteligente de quem lê um livro por ano. Claro, há seus méritos nisso. Seja uma compreensão da realidade mais acurada, o desenvolvimento de um vocabulário mais amplo… Mas não há relações com inteligência.
Conheço pessoas que possuem uma biblioteca invejável e que são extremamente limitados em uma série de outras coisas.
Não há soluções mágicas para a vida. Para outras, apenas lidar com suas frustrações, fazer o que tem que ser feito e encarar as consequências das escolhas.
Não faça como Adão fez ao culpar sua esposa por seus problemas. Não faça como Eva ao culpar a cobra por implantar o desejo em seus olhos. Nessa história, a gente só não sabe quem a cobra procurou para culpar.
